quarta-feira, 27 de julho de 2011

Ata-me

Ata-me aos teus braços
Usa o poder de sermos um
De dar febre a nossa pele
E razão aos respiros

O compasso acelerado do coração
É mais quente quando um outro vem
Dois somam tudo sem medo do não
Amo a descoberta de que além de mim há mais alguém

Ata-me com força e não deixa que eu me solte
Se prenderes bem forte nunca mais te deixarei
Esperei tamanha sorte e por ela me esforço
Então burla a covardia e vence

Desformes na matéria, alinhados no toque
Um desespero se instala ao pensar na ausência tua
Longe, usa a força abrupta, enlaça a presa
Ata-me, prenda-me, faz-me coisa tua.

Eduardo Pessoa Goulart

terça-feira, 19 de julho de 2011

Eu Comigo

"E se eu não tive a intenção por que dói tanto o coração?

Eu ser acusado é tão injusto, o que não é tão pior que ser esquecido.

Onde está a voz que me dava boa noite e que já não está comigo?

Ao som de uma música triste eu me ergo, olho no espelho e gosto de tudo o que vejo,

Digo a mim mesmo "Bom Dia" e prossigo, sozinho, eu comigo"!


por Eduardo Pessoa Goulart

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Horizonte

Ah, horizonte cretino que me prende ao instante
Que cativa o presente e resgata o distante
Com o passado me fere tal qual ferro cortante
Faz sangrar a ferida cuja dor é pulsante

Não queria jamais reportar-me a esse tempo
Pois ao ver essas ruas recordei sofrimento
Era tão pequenino, mas lutava por dentro
Eu pedia que a vida voasse no vento

Quem me deu essa dor? Quem me fez tão mal feito?
Diga ou então por favor, cala já o meu lamento
Libera o futuro que pode ser outro
Pois construo ao meu gosto um cenário bondoso

Quer saber? Eu receio que foi bom relembrar
Pra fechar a ferida e não mais ve-la sangrar
É preciso saber onde encontra-se a dor
Descobrir na medida o remédio do amor

O amor de quem abre o baú da verdade
Que revela correntes na alma e as arranca
Tão nobre sentimento encontrei ao te olhar
Fez doer num momento pra não mais machucar

Me perdoe horizonte por chama-lo cretino
Era só a defesa de um crescido menino
Deixa estar se ainda não pude curar
Mas a dor com certeza já não matará.

por Eduardo Pessoa Goulart

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Cintra

Tu és infinito de contradições e grandezas.
Um forte cavaleiro frágil em seus dilemas.
Um Templário a guardar um segredo,
Por certo és a coragem entre os medos.

Quem pode descrever-te assim, sem armas?
Aos que riem de tua graça não lhes passa
Que trás das máscaras choras por sofrer,
Tu sofres o ser grande, maior que tempo e lei,

Sem cruzadas, sem cavalos, sem reinos, sem triúnfo.
Isso tudo te instiga, onde estão teus bravos justos?
Incansável vence os tempos e vive sem os ter,
Longe da velha Cintra onde quer que for nascer.

Mas alento pra tua busca onde então encontrarás?
Entre damas, absinto, nas tabernas acharás?
Quem sabe entre amigos tal qual távola redonda?
Ou por ser tão bem descrito sem por mim ter sido visto.

por Eduardo Pessoa Goulart

Rivka

Tudo o que ela quer? O mundo, o tudo!

Ela é menina, é mulher, é muito, é fuso.

Mistura receitada com pitada de amor curvo,

Ela é festa em choro, é a luz no escuro,

É dispersa, é Rebeca, alma bela até em luto.


por Eduardo Pessoa Goulart

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Eu Falo Paralelo, Outro Idioma

Eu falo o paralelo, outro idioma,

Converso contigo a meias palavras, entoo bem forte o que a tua voz cala.

Falo do que é pertinente, do caos em minha mente, estrago o que é certo

O que ninguém mais sente.

Eu ando à tua sombra, me escondo em cataclismas,

É o medo de ser eu, de deixar-me assim à vistas.

Mas deixa que por certo hás ainda de ver-me,

Bonito e maltrapilho, desarrumado mas vivo.

O que te deixa pensativo é o que escondo em meu falar,

Por entrelinhas conto histórias, quem as há de decifrar?

Elas são memórias, são póstumas,

São glórias, são derrotas, são a fala de um amante que jamais pôde amar.

Abra teu caminho para eu nele me mostrar,

Saindo de tua sombra sendo eu o vexame de amar,

Sem vergonha, sem limites, sem pudor, sendo livre.

É o querer ser ouvido e por teus olhos bem quisto,

Compreendido num dialeto que é a expressão do meu gostar.

É intrínseco, quase explícito, idioma paralelo é falar do que sinto.


por Eduardo Pessoa Goulart